Por muito tempo o tratamento de um vício foi realizado com a internação do indivíduo, de forma
voluntária ou compulsória, para se afastar do objeto no qual ele é viciado.
A perspectiva sobre o assunto vem se expandindo cada vez mais, com a noção de que o vício – seja em
drogas, jogos, pornografia, mentiras ou internet – não é causado pela substância ou prática, e sim pelo
contexto em que o consumo ocorre.
O consumo de álcool ou jogos online, por exemplo, é comum para milhões de pessoas, mas apenas
algumas delas desenvolvem um vício. Afastar o indivíduo do que o atrai é uma ação com efeito
limitado, como tratar uma doença física com analgésicos – o sintoma vai embora, a doença permanece.
Os indivíduos que desenvolvem a necessidade compulsiva de consumir uma droga psicoativa, por
exemplo, não estão em busca da droga em si, mas dos efeitos que ela traz, a criação de uma realidade
paralela, o pertencimento a um grupo social que também consome essa droga, entre outros.
A psicologia pode interferir nessas situações dando à pessoa um caminho para o autoconhecimento, a
capacidade de entender porque faz o que faz, como uma substância ou uma prática se tornou o centro
de sua vida, quais necessidades ela tenta suprir com o objeto do vício, e assim por diante.
Ao ter contato com o paciente, o psicólogo pode identificar padrões, entender como certas situações
deixam o indivíduo mais propenso ao consumo de seu vício.
Talvez seja após discutir com alguém queama, ao receber uma avaliação negativa, ao sentir que não pode lidar com os próprios problemas. Háuma grande variedade de fatores.
Também é possível apontar novos caminhos para a satisfação dessas necessidades, seja em atividades
que a pessoa já costuma praticar ou com a oferta de novas ocupações que preencham certos espaços
em sua mente, até então ocupados pelo vício.
Entender o problema como uma questão de saúde, em que há algo de errado com o corpo ou a mente
do indivíduo, é o primeiro passo para encontrar a solução.